terça-feira, 22 de abril de 2008

Terra .Dia mundial.Alguns problemas


Alterações climáticas


Objectivos.

Os países industrializados comprometem-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa com origem humana para os níveis de 1990 pelo ano 2000.Rio de Janeiro, 1992. O objectivo último da Convenção de Estocolmo é atingir a estabilização da concentração dos gases de estufa na atmosfera, de modo a evitar uma interferência humana perigosa no sistema climático.Estocolmo, 1972A realidade. Pelo ano 2000 as emissões de CO2 tinham subido 18,1% relativamente aos níveis de 1990 nos EUA; 10,7% no Japão; e 28,8% na Austrália.. A concentração de CO2 na atmosfera é hoje 30% superior à que se verificava na era pré industrial: de 281 ppm (partes por milhão) em 1800 passou para 327 ppm em 1972, 356 ppm em 1992 e 367 ppm em 2002.. Os desastres relacionados com o clima aumentaram 160% entre 1975 e 2001, provocando a morte a 440000 pessoas.O futuroSe nada for feito, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas prevê que a temperatura média global do planeta seja 5,8 ºC superior em 2100.


In Naturlink

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cuidado com as "mezinhas" caseiras


Constou numa série de jornais, nos Estados Unidos e não só, uma notícia da Associated Press que conta a história de Maria, uma texana de Houston que envenenou as suas filhas e uma sobrinha, felizmente sem consequências fatais, com um «mezinha» tradicional.O «medicamento» em causa é a greta que os curanderos mexicanos garantem ser quasi uma panaceia, que supostamente cura hiperactividade em crianças, empacho ( aflições intestinais) e problemas estomacais, e que na realidade envenena quem a ingere já que é composta quase exclusivamente (cerca de 80%) por óxidos de chumbo.Existem outros componentes da «farmacopeia» tradicional mexicana que são essencialmente compostos de chumbo como o azarcon, conhecido igualmente como Rueda, Coral, Maria Luisa, Alarcon ou Liga. Os sintomas do envenenamento com chumbo podem passar facilmente despercebidos, na realidade confundem-se com os sintomas das doenças que as «mezinhas» pretendem tratar, e, se não se fizerem testes específicos, são difíceis de despistar já que muitas vezes se resumem a cansaço, sonolência e dores de estomâgo.Os departamentos de saúde um pouco por todo o território norte-americano indicam que as «medicinas» tradicionais utilizadas por emigrantes da América Latina, India e outras partes da Ásia, são a segunda maior causa de envenamento com chumbo - só ultrapassado por envenenamentos causados por tintas antigas que ainda contenham pigmentos deste metal pesado - e podem ser responsáveis por dezenas de milhares de casos análogos aos das crianças de Maria todos os anos.Entre as «farmacopeias» tradicionais mais perigosas em termos de metais pesados encontra-se a usada na «medicina» ayurvédica, para cuja toxicidade o número de Dezembro de 2004 do Journal of the American Medical Association já tinha alertado. O estudo indicava que um em 5 dos «medicamentos» ayurvédicos vendidos na zona de Boston continha níveis elevados de chumbo, mercúrio e/ou arsénio. Como notam os autores, a tradição ayurvédica atribui um papel terapêutico importante ao mercúrio e ao chumbo e pelo menos um destes metais entra na composição de cerca de 35-40% das suas formulações.Os autores concluiram na altura que podem estar em risco de envenenamento com metais pesados os utilizadores desta «medicina» tradicional, muito em voga entre New Agers e vendedores de banha da cobra, que tem em Deepak Chopra, o «curador» quântico, um dos seus grandes divulgadores. Assim, recomendam que seja mandatório o teste dos ditos produtos, normalmente vendidos como produtos herbais.De facto, enquanto a indústria farmacêutica só pode comercializar um produto após rigorosos e demorados testes, os produtos das «medicinas» alternativas não estão sujeitos a qualquer tipo de controle, teste ou regulamentação. Aliás, os produtos «naturais» estão isentos de testes, qualquer que seja o fim a que se destinam, medicamentos, cosméticos ou pesticidas.Existem inúmeros exemplos de medicamentos extraídos ou derivados de produtos encontrados na Natureza. Mas mesmo na bula da vulgar aspirina, o ácido acetilsalicílico que substituiu o (mais tóxico) ácido salícilico em que se transforma no organismo humano a salicilina da casca do salgueiro, encontramos uma longa descrição de todos os seus possíveis efeitos secundários e das suas contra-indicações. As banhas da cobra «terapêuticas» são publicitadas com descrições delirantes sobre as suas inúmeras e impossíveis benesses e nunca apresentam nem efeitos secundários nem contra-indicações.Numa altura em que a Direcção Geral de Saúde mantém a ASAE tão atarefada em inspecções sanitárias sortidas, interrogo-me porque razão a gastronomia tradicional é um alvo preferencial e ninguém sequer menciona as «medicinas» alternativas, tradicionais ou não, que infestam até locais insuspeitos como farmácias, impertubadas e impertubáveis por regulamentação ou testes...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Auto organização dos sistemas quimicos








As espécies químicas denominadas anfifílicas -que incluem os detergentes e alguns lípidos - contêm uma parte hidrofílica (que «gosta» de água), e uma hidrofóbica (que não «gosta» de água). Por este motivo, estas espécies agregam-se na presença de água, formando, por exemplo, micelas ou bicamadas. Esta capacidade de auto-organização (self-assembly) consiste na formação (espontânea) de estruturas complexas a partir de componentes simples.Os detergentes, como o detergente aniónico representado na figura, são um exemplo banal de auto-organização de moléculas simples. Os detergentes devem a sua acção de limpeza ao facto de formarem aglomerados auto-organizados de forma globular, as micelas, que dissolvem no seu interior todo o «lixo» orgânico não solúvel em água (gorduras, etc.).
Outro exemplo de uma estrutura auto-organizada, que permite a realização de tarefas que os componentes isolados são incapazes de promover, é a membrana celular. A membrana celular é constituída essencialmente por proteínas e lípidos. As membranas das células animais contêm colesterol, um lípido igualmente, o que não acontece nas células vegetais, que possuem outros esterois. Quanto maior for a concentração de esterois, menos fluida será a membrana.


Os fosfolípidos são os lípidos mais abundantes nas membranas celulares e assim um vesículo gigante (GUV) de fosfolipídos é o modelo estrutural mais simples de uma célula.Os fosfolípidos são ésteres de glicerol - que esterificado com três ácidos gordos dá origem aos chamados triglicéridos.Num fosfolípido, o glicerol está ligado a dois ácidos gordos e o terceiro grupo -OH liga-se a um dos oxigénio do grupo fosfato. A outro dos oxigénios do grupo fostato podem estar ligados grupos neutros ou com carga, como a colina, a etanoamina, o inositol, o glicerol ou outros. Quando o grupo a que o fosfato se liga é a colina, temos as fostatidilcolinas - como a representada na figura que hidrolisada dá origem a um ácido gordo saturado, o ácido esteárico, e um insaturado, o ácido oleico - igualmente chamadas lecitinas.Na figura que se segue é esquematizada a auto-organização dos fosfolípidos em bicamadas. Estruturas deste tipo incluem, para além das membranas celulares, lipossomas e estruturas muito importantes a nível biológico, os vesículos sinápticos - onde são armazenados neurotransmissores e neuromoduladores, as substâncias químicas usadas para transmitir informação entre as células.Em conclusão, um argumento pseudo-científico recorrente contra a evolução consiste na afirmação de que é impossível algo na natureza tornar-se mais «organizado» sem a intervenção de um desígnio inteligente. Por muita habilidade retórica que seja utilizada no disparate debitado, este é completamente falso. Existem inúmeros exemplos na natureza de sistemas auto-organizados e não é necessário invocar qualquer «intervenção inteligente» para explicar a sua existência, bastam alguns conhecimentos de química básica.Como referi há algum tempo, alguns compostos capazes de self-assembly encontram-se no espaço interestelar, sintetisados de forma abiótica a partir dos elementos produzidos nas estrelas. Na realidade, não há quaisquer dúvidas sobre a síntese abiótica de moléculas orgânicas, quer em planetas e luas sem qualquer evidência de vida quer no espaço interestelar.A maioria das pessoas não segue as últimas descobertas da NASA nem repara nos processos espontâneos de auto-organização que acontecem no seu quotidiano. Mas não há nenhum milagre envolvido em lavar a louça nem é necessário invocar uma inteligência externa ou forças sobrenaturais para explicar a formação das micelas que permitem ao detergente cumprir a sua função. Aliás, pensar que tal é necessário é uma forma de demissão de tentar perceber como funciona o único mundo que conhecemos, um mundo natural regido por leis naturais.Apenas quando deixámos de aceitar como necessária a intervenção de agentes sobrenaturais, começámos a conseguir explicar o mundo à nossa volta e começámos a conseguir controlar fenómenos, como doenças, produção de alimentos, produção de electricidade, etc., que permitiram a melhoria de qualidade de vida indispensável ao progresso ético da humanidade.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Os Alquimistas das estrelas

http://www.youtube.com/watch?v=B-LXUHJmzzc&eurl=http://dererummundi.blogspot.com/

Todos nós somos matéria das estrelas. Actualmente pensa-se que apenas os elementos químicos mais leves - hidrogénio, hélio e lítio - foram produzidos no Big Bang. Os outros elementos são produtos de estrelas, que «sintetizam» elementos diferentes em diferentes etapas da sua vida de muitos milhões de anos. Durante a explosão de supernovas, são produzidos os elementos mais pesados. Vários mecanismos, como os ventos estelares e as próprias explosões de supernovas, fazem com que os elementos formados nas estrelas se misturem com o gás interestelar, que eventualmente irá dar origem a novas estrelas e planetas.Neste vídeo, que integra a série de ciência Origins da PBS Nova, que gostaria imenso alguma das nossas televisões adquirisse, Neil deGrasse Tyson conta-nos a história dos elementos de uma forma que explica por que é actualmente o mais conhecido astrofísico americano.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O nascinmento da Química


O ano de 1789 foi o ano da Revolução Francesa e o primeiro do novo calendário francês. Foi também o ano um de uma nova disciplina. Com efeito, foi nesse mesmo ano que o francês Antoine-Laurent Lavoisier, então com 51 anos, publicou o Traité Élementaire de Chimie, o livro fundador da Química. Mas a Revolução que viu nascer a Química conduziu à morte do pai dessa ciência. No dia 8 de Maio de 1794 rolava em Paris, na Place de la Révolution, a cabeça mais famosa que a invenção do Dr. Guillotin vitimou.

A Física conheceu um grande desenvolvimento no século XVII, sob a égide de Newton, unindo a matemática com a observação experimental dos movimentos dos corpos. Por sua vez a Química nasceu, sob a égide de Lavoiser, unindo a matemática com a observação experimental da transformação da matéria. O uso de instrumentos de medida e a indução de leis a partir dos dados empíricos foi, em ambos os casos, essencial para o nascimento de uma nova ciência.

Os conteúdos essenciais do Traité tinham surgido vários anos antes. Em 1772 o jovem Lavoisier interrogava-se sobre a razão de um metal calcinado pesar mais, no fim da reacção, apesar de ter perdido, segundo a teoria da época, uma substância a que se chamava “flogisto”. Uma série de pesagens precisas levaram-no a crer que o ar ou uma parte dele se combinava com o metal. E confiou essa descoberta à Academia das Ciências sob a forma de um pli cacheté, um documento selado que permitia mais tarde reclamar a prioridade. Em 1773 refere, no seu caderno de laboratório, uma revolução na física e na química. E permite a abertura da nota escondida. De facto, sabemos hoje que não há nenhum flogisto e que a parte do ar responsável pelas combustões é o oxigénio, uma substância então desconhecida, mas que era elementar ao contrário do ar.

O sábio francês com essas e outras experiências concluiu que nas reacções químicas havia conservação da massa.Mas do lado de lá da Mancha também emergia a ciência química.

No ano de 1772, em Inglaterra, um clérigo dissidente, Joseph Priestley, escrevia um artigo intitulado Impregnating water with fixed air baseado nas suas observações do processo de fabrico da cerveja em Leeds. O “ar fixo” é o que chamamos hoje dióxido de carbono e a “água impregnada” é o que hoje chamamos água gaseificada. Ao contrário do oxigénio, o dióxido de carbono consegue apagar uma chama. Em 1774 o mesmo Priestley, desconhecedor de que a descoberta tinha sido feita um pouco antes pelo farmacêutico sueco Carl Scheele encontrava o oxigénio. Ao aquecer óxido de mercúrio com a luz solar focada por uma lente verificou que se saía um gás que avivava uma chama - precisamente o oxigénio. Em 1775 anunciou essa nova em Experiments and observations on different kinds of air.Um português “estrangeirado”, João Jacinto Magalhães, eleito membro da Royal Society de Londres em 1774, desempenhou um papel charneira ao transmitir de Inglaterra para França as ideias priestleyanas.

Em 1772 enviou para Paris o artigo do “ar fixo” de Priestley, que Lavoisier leu na Academia das Ciências, em 1773 conheceu Lavoisier pessoalmente, e em 1774 apresentou Priestley a Lavoisier em Paris.

A descoberta quase simultânea do oxigénio por Scheele e Priestley haveria de ser confirmada por Lavoisier (uma peça de teatro moderna – Oxigénio - glosa estas peripécias). Mais: ele identificou o oxigénio (cujo nome ele próprio introduziu) como um agente activo de todas as combustões. E verificou que as plantas, ao contrário dos animais, no processo de respiração, absorvem durante o dia dióxido de carbono libertando oxigénio. A combustão de hidrogénio com oxigénio dá origem a água, uma experiência de síntese que Lavoisier realizou com cuidado em 1783: eram precisas duas partes de hidrogénio para uma de oxigénio de modo a formar água. Tal como o ar, também a água – esse outro “elemento” dos antigos gregos – não era elementar. E o oxigénio fazia parte tanto do ar como da água...


Em Portugal 1772 foi o ano da Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra. Depois de ter mudado a cidade de Lisboa, o poderoso ministro de D. José reformou a Universidade de Coimbra, criando a Faculdade de Matemática e a de Filosofia. Estabeleceu uma cadeira de Química, para a qual chamou um professor italiano, Domingos Vandelli. Para dar aulas práticas dessa cadeira mandou erguer um novo edifício, o Laboratório Chimico, hoje magnificamente reconstruído para dar lugar ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.

A construção começou em 1773, tendo a obra ficado praticamente concluída em 1775. É claro do que ficou dito que o edifício foi construído enquanto se construía a própria química. Não admira, por isso, que seja o mais antigo edifício do mundo construído para o ensino experimental da química.

Hoje o visitante do Museu encontra réplicas de duas famosas experiências dos primórdios da química: a descoberta do oxigénio por Priestley e a síntese da água por Lavoisier. E encontra também o livro de um discípulo de Vandelli – Vicente Seabra – os Elementos de Chimica cujo primeiro volume antecipa de um ano a obra maior de Lavoisier. Tanto para Seabra como para Lavoisier – crentes na “idade da razão” – a experiência é que dizia quem tinha razão...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O Futuro será mesmo verde?


Nunca demora muito para determinadas soluções milagrosas serem expostas como, no mínimo, algo menos que perfeitas. Na mesma altura em que a National Geographic deedica, no seu número de Outubro, a capa aos biocombustíveis e apresenta um sistema interactivo para comparação dos mesmos, vemos a Economist a dizer que é errado pensar que etanol é uma boa forma de tornar os carros mais verdes. Some-se a isto a conclusão de um Nobel da Química (Paul Crutzen) sobre o agravamento do aquecimento global que os biocombustíveis podem causar e voltamos à estaca zero.Zero? Bem, não exactamente. A Economist refere que, sim, o etanol não é um combustível nem sequer perto de ideal. Não tem um grande valor energético na queima - o que implica maior consumo - e sendo fortemente higroscópico acaba por absorver água para o sistema e assim provocar corrosão do motor. Por outro lado, o que se aponta é um caminho que não estará longe do conceito de biocombustíveis, apenas não na lógica tradicional. Desta forma, seria uma questão de utilizar enzimas para transformar moléculas mais simples noutras, mais complexas, mais energéticas e que resolvessem os problemas com a água. O artigo, basicamente, propõe a susbtituição da gasolina por combustíveis molecularmente semelhantes, eventualmente mais eficientes, e que poderiam ser gerados a partir de culturas. O balanço de carbono libertado continuaria, assim, a ser compensado pelo absorvido para produzir as fontes do combustível.


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